quinta-feira, fevereiro 22, 2007

O amor é fodido

«Quanto mais vou sabendo de ti, mais gostaria que ainda estivesses viva. Só dois ou três minutos: o suficiente para te matar. Merecias uma morte mais violenta. Se eu soubesse, não te tinha deixado suicidar com aquelas mariquices todas. Aposto que não sentiste quase nada. Não está certo. Eu não morri e sofri mais do que tu.(...)»
:P

«Por que é que fodemos o amor? Porque não resistimos. É do mal que nos faz. Parece estar mesmo a pedir. De resto, ninguém suporta viver um amor que não esteja pelo menos parcialmente fodido. Tem que haver escombros. Tem de haver esperança. Tem de haver progresso para pior e desejo de regresso a um tempo mais feliz. Um amor só um bocado fodido pode ser a coisa mais bonita deste mundo.(...)»
:o

«Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo.(...)»
:)

«Quanto mais longe, mais perto me sinto de ti, como se os teus passos estivessem aqui ao pé de mim e eu pudesse seguir-te e falar-te e dizer-te quanto te amo e como te procuro, no meio duma destas ruas em que te vejo, zangado de saudade, no céu claro, no dia frio. Devolve-me a minha vida e o meu tempo. Diz qualquer coisa a este coração palerma que não sabe nada de nada, que julga que andas aqui perto e chama sempre por ti...(...)»
:(

MEC

Quase Perfeito

(...)
Se um dia um anjo fizer
A seta bater-te no peito
Se um dia o diabo quiser
Faremos o crime perfeito
(...)


Não sei se fiz bem em aceitar o convite. Sinto um nervoso miudinho que me incomoda, mas que não me tira a vontade de ir. Mal te conheço e tenho medo que dois dias pareçam uma eternidade. Mesmo assim, ansiosa, sem saber se quero ou não quero, saio cedo e rumo a ti... Na viagem, tento não pensar muito no assunto. O meu problema sempre foi pensar demais. As flores mais lindas... o delicioso jantar (mal) feito por ti e uma naturalidade que não é normal nos primeiros encontros. Perfeito como nunca mais... Vim embora com um aperto no coração... quis parar o tempo naquele fim-de-semana.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

C&H


O Bebé Âncora



Era uma vez uma linda menina
que vinha do mar.
E só havia um sítio
onde queria estar.


Com um tipo andarilho
que tocava numa banda.
Deixaria o oceano
para cumprir sua demanda.

Ele era para ela
o mais desejado.
E tentou de tudo
para o ter a seu lado.

Mas a vida dela
com a dele andou desfazada.
Deambulou pela terra
sozinha e abandonada.

Tentou parecer feliz,
tentou parecer trágica,
tentou cartas astrais,
sexo e varinha mágica.

Nada os podia unir,
excepto talvez... uma réstia de esperança:
uma coisa que lhes ancorasse os espíritos...
Tiveram uma criança.

(...)

Tim Burton
A Morte Melancólica do Rapaz Ostra e Outras Estórias

terça-feira, fevereiro 20, 2007

III

(...) A minha mão esquerda e a tua mão direita. Duas mãos segurando-se uma à outra. Duas mãos a dançar. A tua mão grande, os dedos compridos, esguios, firmes, a agarrarem a minha mão com força, a pegarem e a largarem e a apertarem e a sentirem suavemente a pele e a apertarem outra vez e a fazerem vibrar todos os nervos do meu corpo e a darem mil voltas por trás e pela frente e pelos lados, os teus dedos entrelaçados com os meus, a abraçarem, a colarem as nossas mãos. (...) Sem palavra alguma. Não era precisa. Duas mãos a dançar. Dois estranhos segurando-se pelas mãos. Duas mãos a fazerem amor. As mãos de dois estranhos faziam amor. As mãos faziam amor. Faziam o amor.
.
Pedro Paixão in Asfixia

Não esperes...

Não esperes nunca de mim que eu seja fiel a qualidades que eu não tenho.
O que podes é contar com as que tenho, porque nessas não te falharei nunca.
(Miguel Sousa Tavares, in Equador)

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Gosto pouco, gosto...


Gosto pouco desta euforia carnavalesca... não que tenha sido sempre assim; na verdade, enquanto miúda até achava bastante piada, mas nessa idade achava graça a tudo que fosse festa ou juntasse mais de meia dúzia de pessoas. Devo ter sido uma criança normal.
Mas agora... não consigo entender qual é o gozo que dá esconder-me atrás de uma máscara. Perdoem-me os foliões a pergunta, mas será porque gostariam de ser outra coisa qualquer que não são?! Ou aproveitam para fazer o que, de cara descoberta, não teriam coragem? Hummm... daí a máxima: é carnaval, ninguém leva a mal. Será?
De qualquer forma, há uma coisa boa nisto tudo... um feriado à terça-feira. O que, com jeitinho, nos oferece umas mini-férias de 4 dias. Oba!
Confesso, contudo, que há dois carnavais que gostava de conhecer: Veneza, pela beleza e mistério... Rio de Janeiro, pelo clima e euforia... qual brega & chique! :)

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

II

fala da "Doce Clara"...
(...)
Ela sabe que se trata apenas de um jogo fácil que lhe apetece ganhar. Não se importa de perder quem perdeu antes de começar. Ela sabe que é breve e que o amor é outra coisa. É só assim. Uma pequena coisa. Mais não. Ela sabe. Coisa pouca que aquece do frio o coração, naquele breve mês de Fevereiro.
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Pedro Paixão in Asfixia

I

Vamos ter uns dias de "asfixia"... para já, um "recado escrito num papel rosa"

Não fugi.
Fui só às compras.
Não sei porque não fujo, talvez porque não posso.
Não sei porque volto. Talvez porque precise.
Espera por mim que eu volto, enquanto puder.
Mas quando eu fugir, vai atrás de mim
e faz-me sentir amada.

Pedro Paixão

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Happy Valentine´s

"Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo, e quem tem medo de ser afetivo. Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e de medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras, e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada, e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da janela."


Drummond de Andrade

domingo, fevereiro 11, 2007

IVG... sim ou não?

Sou, francamente, contra o aborto. Podia apresentar os meus mil e um motivos, mas não tenho que justificar-me e serão os mesmos que a maioria dos opositores apresenta... e desta discussão, já todos estaremos fartos, a esta altura. Não, porque não!
Contudo, convém também dizer que a penalização de quem o faz me incomoda, além de considerar que vivemos num balão de falsos moralismos que, um dia, irá rebentar e a verdade será chocante para todos. Acredito que as mulheres que o fazem se encontram num estado de desespero tal, que consideram aquela a sua única saída. Como acredito, igualmente, que carreguem esse peso na consciência para o resto da sua vida. Parece-me já um castigo suficientemente penoso, por si só.
Pesando os prós e os contras, tentando analisar friamente e racionalizar a questão, votei a favor da despenalização. Repito, a favor da despenalização... não do aborto. Hoje, numa reportagem pós-referendo onde já se vislumbravam os resultados, levei um abanão e as minhas dúvidas reinstalaram-se... uma defensora do SIM falava da sua óbvia vitória com enorme satisfação. Até aí tudo bem... mas afirmar que, agora sim, serão valorizados os direitos humanos e, agora sim, haverá a opção de escolher o que fazer da sua vida... Mau! Então esses direitos humanos e essa opção sobre a sua vida não se aplicariam também a uma outra vida que, bem ou mal, já lá está???!!!
.


Espero que esta despenalização não venha despoletar uma corrida aos bancos de hospital... espero mesmo! Como espero também que esta seja sempre uma decisão tomada conscientemente e não de forma leviana, a ponto de permitir descurar todos os meios de evitar chegar a este ponto. Sim, porque esses meios estão ao acesso de todos e sempre ficam de borla. Sem custos nem trabalhos...

sábado, fevereiro 10, 2007

NÃO


Não corteis uma flor. Asa cativa,
só deixará remorso em quem a corta.
Nada mais belo que uma rosa viva...
Nada mais triste que uma rosa morta...


(Moreira das Neves)

Calhambeque

Noite de 6ª feira.. vontade de não fazer nada, não fosse a companhia do costume no sítio do costume (não, não foi no Pingo Doce, passe a publicidade). Bora lá tomar um café e falar como os tolos – uma expressão giríssima que aprendi e adorei – que bem estou a precisar.
Blá, blá, blá… e acabamos a dar uma volta pela baixa portuense. De regresso, ficamos à conversa no carro, que desliguei ao fim de uns minutos porque percebi que a coisa ía demorar. E demorou, de facto… o suficiente para o rádio ligado me dar cabo do raio da bateria. Bolas! O carro não pega. Logo este maquinão que eu tanto gabo… e agora? Podia deixar o carro aqui e ir de boleia com a minha amiga, mas tenho o carro a tapar-lhe a saída. Vendo bem, melhor assim… sempre garanto que não fico sozinha a resolver o imbróglio.
Pois, agora… varre lá a lista telefónica a ver quem te acode, rapariga. Gajas… esquece. Lá ía parando nos nomes masculinos e pensando: Hum… é de artes, deve saber tanto disto como eu, ou menos. Hum… este deve estar acompanhado e, se eu fosse a companhia, não ía achar graça nenhuma à situação. Hum… com este já não falo há anos, até parece mal ligar por isto. Ora aqui está… sei que está ocupado, mas é amigo do coração e ainda por cima, é de engenharia. Nem mais! Salva 
Cabos para um lado e para o outro e voilá. Ressuscitamos o pobrezinho.
- Agora vai dar uma volta à VCI…
E eu fui, porque nestas coisas, mais vale prevenir.
Trânsito. Que estranho… a esta hora? Luzes azuis rodopiantes ao longe e, claro, tinha que ser um acidente.

RAI'S PARTAM O LAMBORGHINI AMARELO SEMI-DESFEITO QUE ME FEZ PERDER TEMPO NA VCI.