sexta-feira, junho 29, 2007

Joelho


Ponho um beijo
demorado
no topo do teu joelho
Desço-te a perna
arrastando
a saliva pelo meio
Onde a língua
segue o trilho
até onde vai o beijo
Não há nada
que disfarce
de ti aquilo que vejo
Em torno um mar
tão revolto
no cume o cimo do tempo
E os lençóis desalinhados
como se fosse
de vento
Volto então ao teu
joelho
entreabrindo-te as pernas
Deixando a boca
faminta
seguir o desejo nelas.

- Maria Teresa Horta -

Remember again!

A fazer 36 anos em Novembro, foi a segunda discoteca a abrir na invicta e continua a ser uma referência na noite portuense. Se mexerem, estragam... concerteza!
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Esta noite de "remember" sofreu uma baixa... hoje fomos só dois. Mas como costumo dizer... só faz falta quem está e a noite foi, igualmente, too much! Nada como JB*

* mesmo com esse ar de bandido ;)

quinta-feira, junho 28, 2007

Vale o que vale

Um café, por favor!
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E é assim que se serve um café... com leite, natas, chocolate, açucar e adoçante, na fina porcelana e com todos os salamaleques. Olarila!

A juntar a tudo isto, a boa música, o bom ambiente, o bom tempo e a boa companhia.
E a bela da vista!
Esta cidade é linda sob qualquer prisma, em qualquer época, a qualquer hora...
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A língua que temos

Incomoda-me que haja pessoas neste país que não saibam português... incomoda-me sobremaneira. Fartam-se de ler (dizem), mas afinal, deve ser em mandarim...
Reviram-se-me as tripas de cada vez que me deparo com tamanhas barbaridades, sejam orais ou escritas. Não distinguem uma vírgula de um ponto final, desconhecem que as reticências são APENAS três míseros pontos (e não mais), nunca sabem onde se coloca o hífen e acham que é igual usar dois "s" ou um "c" cedilhado. Bolas! Mas afinal onde é que aprenderam a ler???
E tudo isto para já nem sequer mencionar a - francamente - má utilização de palavras e expressões...
Acabei de dar uma voltinha pela blogosfera e fiquei, de facto, assustada. É assim tão complicado perceber a diferença entre "comemos" e "come-mos"?! Vamos a mudar este cenário, por favor... pode não ser a língua mais bonita do mundo, mas é a que temos, minha gente! Tratemo-la bem.

quarta-feira, junho 27, 2007

A Envergadura da Verdade

"Falar com franqueza e dizer a verdade são duas coisas totalmente diferentes. A honestidade está para a verdade como a proa de um barco para a sua popa. A franqueza aparece em primeiro lugar, a verdade vem depois. O intervalo de tempo entre ambas está na proporção directa da envergadura do barco. A verdade, quando aplicada às grandes questões, tarda em aparecer. Acontece, por vezes, que só se manifesta depois da morte."
Haruki Murakami, in 'Em Busca do Carneiro Selvagem'

Andas aí...

Andas aí a partir corações,
como quem parte um baralho de cartas
cartas de amor
escrevi-te eu tantas
às tantas aos poucos, às tantas aos poucos
eu fui percebendo
às tantas eu lá fui tacteando
às cegas eu lá fui conseguindo
às cegas eu lá fui abrindo os olhos
.
E nos teus olhos como espelhos partidos
quis inventar uma outra narrativa
até que um "ai" me chegou aos ouvidos
e era só eu a vogar à deriva
e um animal sempre foge do fogo
e eu mal gritei: fogo!
mal eu gritei: água!
que morro de sede
achei-me encostado à parede
gritando: Livrai-me da sede!
e o mar inteiro entrou na minha casa
.
E nos teus olhos inundados do mar
eu naveguei contra minha vontade
mas deixa lá, que este barco a viajar
há-de chegar à gare da sua cidade
e ao desembarque a terra será mais firme
há quem afirme
há quem assegure
que é depois da vida
que a gente encontra a paz prometida
por mim marquei-lhe encontro na vida
marquei-lhe encontro ao fim da tempestade
.
Da tempestade, o que se teve em comum
é aquilo que nos separa depois
e os barcos passam a ser um e um
onde uma vez quiseram quase ser dois
e a tempestade deixa o mar encrespado
por isso cuidado
mesmo muito cuidado
que é frágil o pano
que veste as velas do desengano
que nos empurra em novo oceano
frágil e resistente ao mesmo tempo
.
Mas isto é um canto
e não um lamento
já disse o que sinto
agora façamos o ponto
e mudemos de assunto, sim?
.
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Sérgio Godinho

sábado, junho 23, 2007

Logo é noite de S. João...

E vamos encontrar muitas "pérolas" por aí... ai vamos, vamos!
.
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Dantes para te ver
saltava montes e "vais"
agora para te não ver
salto ainda muito mais
...
Todos nós temos defeitos
digo isto sem ar de riso
alguns são tortos do corpo
outros aleijados do juízo

sábado, junho 16, 2007

Desintoxicação


Carro, telemóvel, internet... não conseguia viver sem.

Cansei!

O que é demais enjoa - já todos sabemos - e é chegada a hora da desintoxicação.
Consegui! Esta semana deixei o portátil no Porto e fiquei o tempo todo sem internet... achava eu que morria, mas afinal sou mais forte do que isto. Para colmatar essa lacuna, há que sair... sair muito... sair demais... Foi uma boa e pouco produtiva semana!

Hoje estou de regresso e ainda pensei deixar em casa o telemóvel... mas isso então já era demais; o verdadeiro suicídio: como é que eu marco as minhas fugas à internet, se não tiver telemóvel? Pois... não sou, de todo, um kamikaze.

Devagar se vai ao longe! E eu chego lá.... ou ao ciber mais próximo.


Um dia destes começam todos a receber postais meus :)
Até para a semana!

Agora nós, meu Porto!

O Santo António foi o que se previa.
Muita animação (mas naquele estado tudo é uma borga)... tanta que nem sequer me lembrei das marchas :(
Talvez volte para o ano ;)



Na próxima semana temos o "meu" S. João, e aí sim... martelinhos, alho porro e balões, muitos balões, de muitas cores e tamanhos. Da Ribeira até à Foz... esta cidade é a coisa mai' linda! É ver o fogo sobre o rio e o céu enfeitado de luzinhas.

Vai aonde te leva o coração

"A vida é um mar de surpresas nem sempre boas que nos fazem crescer como pessoas... Fazem-nos acreditar no mais belo, confiamos no que nos dizem, mostram-nos o quanto somos importantes, pintam-nos a vida como se fosse uma rosa de veludo sem espinhos, fazem-nos viver o momento com intensidade, lutar pelo que amamos e pensar no futuro... E quando menos esperamos, na altura menos prória, em que mais precisamos que estejam connosco, a luz se transforma em trevas e tudo se transforma no oposto... E as primeiras perguntas que surgem: "porquê?", "porque é que não são verdadeiros connosco? "
Perguntas sem resposta..."
- Susanna Tamaro -
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Muitas vezes pensei assim, por outras palavras... percebi que há que encontrar o mau para que consigamos valorizar o bom, quando nos deparamos com ele.

sábado, junho 09, 2007

Santo António






Vai ser o primeiro Santo António... por enquanto, ainda não posso formalizar qualquer opinião, porque desconheço. Será, concerteza, uma noite bem disposta. Sei, porque sim, que não será como o meu S. João do Porto, porque em Lisboa não têm martelinhos nem balões (disseram-me)... o que é uma pena, de facto. Contudo, há sardinhas e arraiais, sangria e vinho tinto, marchas populares e muita, muita animação. E há "EU"... :)
Volto depois para contar como foi!

Já não há disto!

"Um senhor de idade chegou a um consultório médico, para fazer um curativo na mão, onde havia um profundo corte. E muito apressado, pediu urgência no atendimento, porque tinha um compromisso. O médico que o atendia, curioso, perguntou o que tinha de tão urgente para fazer. O simpático velhinho respondeu que todas as manhãs ia visitar a sua esposa, que estava num lar de idosos, com Alzheimer em estado avançado. O médico, muito preocupado com o atraso do atendimento, disse:
-Então hoje ela ficará muito preocupada com sua demora?
Ao que o senhor respondeu:
-Não, ela já não sabe quem eu sou. Há quase cinco anos que não me reconhece...
O médico questionou:
-Mas então para quê tanta pressa e necessidade em estar com ela todas as manhãs, se ela já não o reconhece?
O velhinho sorriu e, batendo de leve no ombro do médico, respondeu:
-Ela não sabe quem eu sou...mas eu sei muito bem quem ela é!"


- Foto by Spiko -
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Desconheço o autor, mas hoje lembrei-me desta história, ao presenciar um amor semelhante.
Entrou um velhinho no gabinete... 93 anos, perfeitamente lúcido e cheio de vida. Contava que era feliz; vive com o filho, a nora e dois netos. Tem o seu espaço, a sua vida organizada, com amigos e saídas regulares. Cheio de saúde, dizia... sem ter do que se queixar.
Há anos que segue um ritual: adora poesia e escreve um poema por noite, sem excepção. Já conta uns milhares. A determinada altura, confessa que os últimos escritos se dirigem à mulher, que faleceu há onze anos. As suas palavras foram qualquer coisa como:
- Sinto muito a falta dela... morreu há 11 anos, mas sinto a sua morte como se tivesse sido hoje... foram 54 anos juntos.
De repente, um semblante carregado em todos os presentes. Os seus olhos enchem-se de água e, antes de sair, pergunta-me se eu era casada... e eu respondo que não. Sem hesitar, recomenda-me que escolha alguém com quem consiga viver uma relação como a que ele teve, e diz-me:
- Mesmo quando tínhamos opiniões divergentes, nunca nos deitamos zangados... foram 54 anos juntos. Agora vou embora, porque ainda me emociono muito quando falo dela, e começo a chorar...
Saiu sem que conseguíssemos dizer uma palavra. Olhamos um para o outro e, em simultâneo, dissemos:
- Já não há disto! Isto sim... é amor!

quarta-feira, junho 06, 2007

A minha rosa!


"Sois belas, mas vazias. Não se pode morrer por vós. A minha rosa, sem dúvida um transeunte qualquer pensaria que se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que vós todas, pois foi a ela que eu reguei. Foi a ela que pus a redoma. Foi a ela que abriguei com o pára-vento. Foi dela que eu matei as larvas. Foi a ela que eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. É a minha rosa."

Antoine Saint-Exupéry

Dois...


Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objectos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente...
... Sempre...
... A olharem-se...
Pensar talvez: “ Paralelos que se encontram no infinito...”
No entanto, sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.

Dois - Errante
Pablo Neruda

terça-feira, junho 05, 2007

Saudades...

"Olá!
Liguei-te três ou quatro vezes da rua, só para te dizer que gosto muito de ti e que não pensava vir a ver-te hoje.
Obrigado por teres vindo.
És demais!
Amanhã eu ligo-te...
Quando?... Não sei!"

Bilhetes que passam por baixo das mesas e em apertos de mão... discretamente. Alguns trazem chocolates...
Assinas com pseudónimos e deixas sempre o mesmo número de beijos, sem tirar nem pôr.
Uma vez disseste-me: "Devíamos casar com os amigos... com eles nunca nos chateamos."
Talvez tivesses razão...

domingo, junho 03, 2007

Perfeito, perfeito...


Simbiose:
associação heterogénea de dois seres vivos,
com proveito mútuo.
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Fotos: Nuno Belo

Renovação, exige-se!

Hoje foi dia de tratar de mim. Há muito que não me dispensava uns minutos de atenção e cuidado.
Acordar tarde, porque não consigo acordar cedo... uma refeição ligeira, do tipo brunch... café no sítio do costume... e ala que se faz tarde e temos muita coisa marcada. Depilação, manicure, pedicure, enfim, um dia dedicado à estética (o que nem parece meu).
Sempre fui muito desligada destas coisas, mas devo reconhecer que saio renovada depois de uma ida ao cabeleireiro ou à esteticista. Admito que me faz bem, volta e meia, vestir aquela saia, maquilhar-me, mudar de perfume ou penteado.
Acho que sempre fui vaidosa, mas de uma simplicidade exagerada, a roçar o desinteresse. Aparte malas e sapatos, não tenho muito mais fetiches. Um dia ganho paciência para levar um ginásio a sério e experimentar um spa :)


Porque a vaidade é um substantivo feminino que, volta e meia, dá um ar da sua graça e nos faz sentir deliciosas!

sábado, junho 02, 2007

Foi (apenas) um mau dia!

... uma alegria aparente.

Um cheiro no ar que fazia antever uma ilusão (mais uma).
Sorrisos que escondem lágrimas.
Beijos amargos, que doem quando não matam.
Abraços fingidos.
Verdades escondidas.
Palavras abafadas, ditas pela metade, qual mentira piedosa.
Uma invenção fabulosa... perfeitamente evitável, quando não saída de uma tela.

Tempos idos... descansa!
O cheiro de hoje é diferente. É bolo acabado de fazer, ainda quentinho... e café!




Tens toda a razão, meu querido... e o teu desejo é uma ordem.

Melhor assim, não?! Sim, bastante mais bonita! E que belo dia este, não foi? ;)


sexta-feira, junho 01, 2007

Não há comunicação sem envolvimento

Só através de um cerimonial consegues comunicar. Se ouvires distraído essa música e considerares distraídamente esse templo, não nascerá nada em ti, nem serás alimentado. O único meio de que disponho para te explicar a vida a que te convido é, por conseguinte, que tu te comprometas pela força e te deixes amamentar por ela. Como te havia eu de explicar essa música que ouvi-la não basta, se não te achas preparado para te deixares formular por ela? Tão prestes vejo a morrer em ti a imagem da propriedade, que dela pouco mais resta do que gravatos. A palavra irónica é própria mas é do cancro; um sono mau, um barulho que perturba, e aí estás tu privado de Deus. E recusado. Vejo-te sentado no portal, tendo atrás de ti a porta da tua casa fechada, totalmente separado do mundo, que não passa do somatório de objectos vazios. Porque tu não comunicas com os objectos, mas com os laços que os ligam. Como é que havias de subir até aí, quando te desprendes disso com tanta facilidade?

Antoine de Saint-Exupéry, in 'Cidadela'