terça-feira, maio 27, 2008

Adivinha o quanto gosto de ti...

A pequena lebre castanha, que se ia deitar, agarrou-se bem agarrada às orelhas muito compridas da grande lebre castanha. Quis ter a certeza de que a grande lebre castanha estava a ouvir.

- Adivinha quanto eu gosto de ti – disse ela.

- Ora bem, acho que não consigo adivinhar isso – disse a grande lebre castanha.

- Como assim - disse a pequena lebre castanha, esticando os braços o mais que podia.

A grande lebre castanha tinha uns braços ainda maiores.

- Mas eu gosto de Ti assim – disse ela.

"Humm, é muito", pensou a pequena lebre castanha.

- Gosto de ti esta altura toda – disse a pequena lebre castanha.

- E eu gosto de ti esta altura toda – disse a grande lebre castanha.

"É mesmo alto" pensou a pequena lebre castanha. "Quem me dera ter uns braços assim".

Então a pequena lebre castanha teve uma boa ideia. Fez o pino, encostada ao tronco muito esticadinha.

- Gosto de ti até à ponta dos pés! - disse ela.

- E eu gosto de ti até à ponta dos teus pés – disse a grande lebre castanha, fazendo-a girar por cima da cabeça.

- Gosto de ti até onde eu consigo saltar! – riu-se a pequena lebre castanha, dando pulos e mais pulos.

- Mas eu gosto de ti até onde eu consigo saltar – sorriu a grande lebre castanha, e saltou tão alto que as orelhas tocaram no ramo da árvore.

"Isto é que é saltar", pensou a pequena lebre castanha. "Quem me dera saltar assim".

- Gosto de ti o caminho todo até ao rio – gritou a pequena lebre castanha.

- E eu gosto de ti até depois do rio e dos montes – disse a grande lebre castanha.

"É mesmo longe", pensou a pequena lebre castanha.

Tinha tanto sono que já quase nem conseguia pensar. Então olhou para além das moitas, para a grande noite escura. Nada podia ser mais longe do que o céu.

- Gosto de ti até à lua – disse ela, e fechou os olhos.

- Ora, se isso é longe – disse a grande lebre castanha.

– É mesmo, mesmo longe.

A grande lebre castanha deitou a pequena lebre castanha na caminha de folhas. Inclinou-se e deu-lhe um beijo de boas-noites. Depois deitou-se muito pertinho e murmurou sorrindo:

- E eu gosto de ti até à lua …... e de volta até cá abaixo.

- Sam McBratney -

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Não há como medir sentimentos... gosta-se e pronto! Há sim, muitas formas de mostrá-lo.
Este texto foi 'pedido emprestado' ao Dry Martini que, simpaticamente, acedeu ao pedido. Obrigada, Dry. É lindo! Como o Principezinho, com conteúdo...

2 comentários:

ana cláudia alves disse...

Está delicioso...ou não tivesse uma lua! Pena que há quem ande com a cabeça na lua e não meça as distâncias! ;) Beijos

Dry-Martini disse...

Ainda bem que gostou. Não foi simpatia nenhuma. Acho que o autor saberia que a menina também tem muito conteúdo .)

XinXin