domingo, janeiro 13, 2008





Que a força do medo que tenho,
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio

Que a musica que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja para
sempre amada mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece,
e nem repetidas com fervor,
apenas respeitadas,
como a única coisa que resta a
um homem inundado de sentimento
Porque metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma
e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corrói
por dentro seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso
mas a outra metade é um vulcão

Que o medo da solidão se afaste,
e que convívio comigo mesmo,
se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso, que me lembro
ter dado na infância
Porque metade de mim é
a lembrança do que fui,
a outra metade eu não sei

Que não seja preciso mais do que
uma simples alegria para
me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo,
mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade
para fazê-la florescer
Porque metade de mim é plateia,
e a outra metade é canção

E que a minha loucura seja perdoada,
Porque metade de mim é amor,
e a outra metade...também

Oswaldo Montenegro

2 comentários:

Anónimo disse...

Lindo. Adoro esse poema de Oswaldo.
Só posso dizer que...tens bom gosto. :-)
Beixus

Huckleberry Friend disse...

Quantas vezes não partilhei as mesmas ânsias deste louvável vate... beijinhos, sf!