sábado, junho 09, 2007

Já não há disto!

"Um senhor de idade chegou a um consultório médico, para fazer um curativo na mão, onde havia um profundo corte. E muito apressado, pediu urgência no atendimento, porque tinha um compromisso. O médico que o atendia, curioso, perguntou o que tinha de tão urgente para fazer. O simpático velhinho respondeu que todas as manhãs ia visitar a sua esposa, que estava num lar de idosos, com Alzheimer em estado avançado. O médico, muito preocupado com o atraso do atendimento, disse:
-Então hoje ela ficará muito preocupada com sua demora?
Ao que o senhor respondeu:
-Não, ela já não sabe quem eu sou. Há quase cinco anos que não me reconhece...
O médico questionou:
-Mas então para quê tanta pressa e necessidade em estar com ela todas as manhãs, se ela já não o reconhece?
O velhinho sorriu e, batendo de leve no ombro do médico, respondeu:
-Ela não sabe quem eu sou...mas eu sei muito bem quem ela é!"


- Foto by Spiko -
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Desconheço o autor, mas hoje lembrei-me desta história, ao presenciar um amor semelhante.
Entrou um velhinho no gabinete... 93 anos, perfeitamente lúcido e cheio de vida. Contava que era feliz; vive com o filho, a nora e dois netos. Tem o seu espaço, a sua vida organizada, com amigos e saídas regulares. Cheio de saúde, dizia... sem ter do que se queixar.
Há anos que segue um ritual: adora poesia e escreve um poema por noite, sem excepção. Já conta uns milhares. A determinada altura, confessa que os últimos escritos se dirigem à mulher, que faleceu há onze anos. As suas palavras foram qualquer coisa como:
- Sinto muito a falta dela... morreu há 11 anos, mas sinto a sua morte como se tivesse sido hoje... foram 54 anos juntos.
De repente, um semblante carregado em todos os presentes. Os seus olhos enchem-se de água e, antes de sair, pergunta-me se eu era casada... e eu respondo que não. Sem hesitar, recomenda-me que escolha alguém com quem consiga viver uma relação como a que ele teve, e diz-me:
- Mesmo quando tínhamos opiniões divergentes, nunca nos deitamos zangados... foram 54 anos juntos. Agora vou embora, porque ainda me emociono muito quando falo dela, e começo a chorar...
Saiu sem que conseguíssemos dizer uma palavra. Olhamos um para o outro e, em simultâneo, dissemos:
- Já não há disto! Isto sim... é amor!

1 comentário:

Elisabete Ferreira disse...

prometo,só porque sim e porque eu sei, que um dia o "teu amor assim" vai acontecer.Sei eu e o universo, que tu mereces!serão 54 anos também??maybe...também não interessa muito, o que interessa é que eu sei que te vai acontecer esse amor incondicional de vida e morte,para além do tempo,da razão e do entendível! eu sei!!!!!!e tu não sabes?!? bj pa tu, Piruças!