segunda-feira, setembro 29, 2008

A janela fechou-se. Não sei quando voltarei a abri-la. Talvez nunca mais. Não sei...
A cidade cobriu-se de um manto de neblina que não permite ver além dos candeeiros da minha rua. Esquece o rio no horizonte.
Perdi a esperança da tua chegada. Até de notícias tuas. Se tu soubesses como as quis...
Resiste a minha teimosia, que me leva pela vida com sopros leves e a passos pequenos. Mas leva... e isso é a única coisa que importa!
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E a casa já não existe...

sexta-feira, setembro 26, 2008


Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo doeu-me onde antes os teus dedos foram aves de verão e a tua boca deixou um rasto de canções. No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração que era o resto da vida - como um peixe respira na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos, mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.
- Maria do Rosário Pedreira -

quinta-feira, setembro 25, 2008



Hoje, o dia começou bem. Muito bem. Não chove... pelo contrário, está um solinho envergonhado mas agradável. O suficiente para usar os meus óculos novos, mas também para tirar do armário uma peça de roupa mais 'aconchegante'. Ao acordar, o despertador tocava 'I'm your man', do Mr. Cohen (que o meu vizinho fez o favor de repetir enquanto eu estava no chuveiro... e que eu agradeço m u i t o a gentileza!). Consegui sair de casa - tarde, como sempre - sem stressar com r i g o r o s a m e n t e nada!!! Que se lixem as horas, o trânsito e o vizinho resmungão do carro ao lado. Hoje decidi rasgar a cara num sorriso que vou manter até o sol se pôr. Há dias assim... com muito sol! Perfeitos!
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E... perfeito, perfeito... é estar já garantida a presença nos Thievery Corporation e nos Nouvelle Vague!!! :)
Fotografia: Marie-Anne @ olhares.com
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Ser feliz é maravilhoso. É como ter um balão dentro de ti e o balão está cheio de ar quente, tu ficas mais leve e quase a voar. Às vezes sentes-te feliz juntamente com os outros. Quando estiveste longe e houve alguém que esteve à tua espera ou quando uma pessoa diz um segredo que só nós sabemos. Quando sentado quieto junto de outra pessoa compreendes como ambos são amigos. És feliz quando consegues finalmente fazer alguma coisa que devias fazer mas não ousavas. Às vezes podes ser feliz quando estás . Quando a Primavera chega de repente e tu navegas no primeiro barco à vela do ano ou quando caem os primeiros flocos de neve do inverno e tocam docemente a tua cara molhada. Quando começas a pensar em alguém que gosta de ti ou quando um amigo defende o que tu disseste ou fizeste. Mas ficarás mais feliz do que nunca quando tornares feliz outra pessoa. Quando visitares alguém que está sozinho e tiveres tempo para ficar lá muito tempo ou fizeres alguma coisa por alguém que foi duramente magoado. Então o balão sobe redondo de alegria e voa até tocar as mãos de Deus.
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Leif Kristiansson, in 'Ser Feliz' (tradução de Sophia de Mello Breyner Andresen)

domingo, setembro 14, 2008

nesta cadeira vazia, que um dia foi tua, por umas meias horas. onde pensei que te queria, de novo, sempre, mas já não. neste lugar lindo que me deste, como talvez a tantas outras, mas que é meu, agora. sai! saiam todos. vai embora. chegaste-me... para dizer que, talvez, nunca mais.