sábado, julho 14, 2007

Eu em Pessoa

Às páginas tantas, cá me vou encontrando nas suas palavras. Não teria o mesmo jeito para um relato tão autêntico do que se passa em mim mesma. O grande Pessoa consegue a descrição exacta do que sou e do que sinto, de uma forma assustadora que me agrada. Não consigo dissociar o gosto do risco que lhe está implícito, e deambulo nestes pensamentos vezes sem fim... gosto de jogos e acompanhas-me ao mesmo nível. "Estímulo" começa a ser uma palavra recorrente. Precisava de um estímulo... A minha vida precisava de um estímulo... Estimulas-me! Estimulo-te?

"A solidão desola-me; a companhia oprime-me. A presença de outra pessoa desencaminha-me os pensamentos; sonho a sua presença com uma distracção especial, que toda a minha atenção analítica não consegue definir. (...) Correr riscos reais, além de me apavorar, não é por medo que eu sinta excessivamente - perturba-me a perfeita atenção às minhas sensações, o que me incomoda e despersonaliza. (...) E não sei o que sinto, não sei o que quero sentir, não sei o que penso nem o que sou. (...) Não há sossego - e, ai de mim!, nem sequer há desejo de o ter."
Fernando Pessoa - Livro do desassossego



O desassossego não é uma escolha.

3 comentários:

Anónimo disse...

já ouvi alguém dizer isto... :-)
O texto do Pessoa parece definir com exactidão o conceito de desassossego...

Margarida disse...

Não tenho a certeza se o desassossego não é uma escolha!
Será que não?
É uma forma de não parar...
Sempre em movimento...
De certeza qeu não é uma escolha?

Anónimo disse...

Hoje apeteceu-me procurar-te...
Hoje o desassossego não foi uma escolha...
Estimulas-me! Estimulo-te?