quarta-feira, dezembro 20, 2006

... de repente!

Então do riso fez-se o pranto,
Silencioso e branco como a bruma
E das mãos espalmadas fez-se espanto
E das bocas unidas fez-se espuma.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


(Vinícius de Moraes)

1 comentário:

Anónimo disse...
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