segunda-feira, dezembro 22, 2014

Ontem houve mais uma Ronda dos Sem Abrigo. 

Mais uma noite mal dormida, com o coração apertado, mas cheio ao mesmo tempo [ainda bem que o coração é um músculo que estica e encolhe sem perder forma nem recheio, porque estas noites são mixed feelings indescritíveis, com tudo de bom e mau que se impõe].

Hoje, ainda de olhos mal abertos, este texto - como tantos outros, ao longo dos dias - veio parar-me às mãos.
Parei no 4º parágrafo. Perdi a conta às vezes que o li. Dei por mim a questionar-me quantas vezes terei feito a mim mesma a pergunta: "Mas qual é o verdadeiro propósito desta minha vontade de fazer alguma coisa? Os outros ou eu mesma?", e confesso que a dúvida se instalou, porque - admitamos - a vontade de ajudar os outros reflete-se no nosso próprio bem-estar. Lá está o coração, que estica e encolhe ao mesmo tempo, aperta mas fica cheio... muito cheio!

Olhei de relance, por cima do ombro, para o meu percurso. Acho que os meus propósitos são dos bons! O que me faltava era o compromisso, que aconteceu agora, com a RSA. Mission (never) accomplished!

Seja o que for que façamos, que seja pela melhor razão. Que os nossos impulsos sejam genuínos. Que sejamos gratos pelo que temos... aliás, acho que acaba por ser a "moral da história", no fim destas noites de ronda.





segunda-feira, dezembro 01, 2014

Ontem fiz a minha primeira Ronda dos Sem Abrigo. Sim, primeira!
Confesso que estava apreensiva... pelo frio, pelas tantas horas que demora uma ronda, pela carga emocional a que estava a expôr-me, pelas situações complicadas que - sabemos - volta e meia acontecem, enfim... por um sem número de razões, estava apreensiva.
A ronda começa com a chegada à garagem, ali para os lados de Aldoar. Cada um vai chegando, ao fim da tarde, depois de terminada a tarefa atribuída na ronda anterior. Vão, por isso, pingando aos poucos, até por volta das 22h00, hora de saída.
Os pontos de paragem são escolhidos a dedo... começamos suavemente com duas paragens pela Boavista, e depressa embrenhamos nos bairros PT e Aleixo, Sé e Rua Escura, Rua da Restauração e Jardim do Carregal, até fecharmos a ronda no Bairro do Cerco.
Imaginem os mais diversos cenários... imaginem os piores cenários, se quiserem. Estive lá e vi! Vi o que toda a gente sabe que existe, mas poucos conhecem, de facto. Corresponde em tudo ao que eu tinha imaginado... de bom, e de mau!
Eram 3h30 quando esvaziamos os carros e nos despedimos. Da ronda, trazemos histórias. Umas conseguiram arrancar-nos gargalhadas. Na generalidade, cortam-nos o coração. Fica o carinho com que a equipa da RSA me recebeu, e o calorzinho de (alguns) sorrisos agradecidos nas caras com que nos cruzamos durante a noite.
Obrigada! E até à próxima!