sábado, maio 31, 2008

Empresta-me a tua mão.
Deixa-me ficar com ela,
neste momento em que preciso
de uma mão. Da tua mão.
Porque tenho medo,
porque me sinto só,
porque estou tiste...
dá-me a mão.
Faz-me falta a tua mão.
Não digas nada, dá-me só a mão.

Give me one reason...

(...)
Give me one reason to stay here
and I'll turn right back around
Because I dont want leave you lonely
But you got to make me change my mind
Baby just give me one reason
give me just one reason why
I should stay
Because I told you that I loved you
And there ain't no more to say
- Tracy Chapman -

sexta-feira, maio 30, 2008

Porque te amo...


... porque és tu e porque não se escolhe. Porque to digo... Porque é importante. Porque senti o que era, de facto, ficar sem chão. Perdi o norte e a mim mesma. Percebi que toda eu sou emoção, sem qualquer razão, nem razão para tal. Atirada para aqui, onde me encontro agora e nunca pensei vir a estar. Diferente?! Totalmente. Estranho. Inesperado... ou não. Agora que percebi, o tempo passou. Como uma flecha. Fui aceitando as mudanças e acontecimentos que se atropelavam, com pressa de chegar sei lá onde. No fundo, a lado nenhum. Tudo diferente, mas na mesma. Igual, mas descontrolado. Entendes? Baralhas-me. Baralhas tudo. Irritas-me. Dóis-me. Porque te amo. Sei lá porquê. Porque és tu e porque não se escolhe. Desgosto-te. Muito... tudo.

quarta-feira, maio 28, 2008

Fotografia: Pedro Moreia @ olhares.com
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O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.
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- Carlos Drummond de Andrade -
Fotografia: Pedro Moreira @ olhares.com
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Um dia não vou cá estar. Ou tu não estarás. Haverá arrependimento. Arrependimento porque um de nós se foi para sempre e não houve oportunidade de dizer o que, de facto, nos vai na alma. Pedir desculpa. Do fundo do coração. Voltar atrás. Fazer o que ainda podia salvar tudo. Dar o passo certo. Será tarde. Será a puta da oportunidade que deixamos passar e vai doer para sempre. A ti ou a mim. Ou a ambos. Ou não...

:(

E retomamos a saga dos dentinhos de leite. Parece que, finalmente, estamos de novo em movimento. Agora já tenho 2 'botões' colados no interior dos dentinhos - que me cortam a língua a cada distracção - e a operação vai ser já no dia 06 de Junho, o que me vai permitir um fim-de-semana verdadeiramente horrível, estando já a sofrer por antecipação. Felizmente, sempre tive uma saúde de ferro, nunca estive de baixa e nunca levei um ponto, sequer. Agora tenho medo... ou pânico (talvez seja a expressão correcta).
Ainda bem que gosto de iogurtes, gelatinas e Cérelac. Telefonemas, nem pensar! Mandem mensagens... não gosto, mas não me resta alternativa. Escrevam cartas, se quiserem. É bonito. Mandem flores :) ... E, por favor, não me convidem para sair, a menos que queiram ver-me muito, mas muito, amuada!!!
Com jeitinho, pode ser que consiga comer uma ou outra sardinha no S. João...

terça-feira, maio 27, 2008

Adivinha o quanto gosto de ti...

A pequena lebre castanha, que se ia deitar, agarrou-se bem agarrada às orelhas muito compridas da grande lebre castanha. Quis ter a certeza de que a grande lebre castanha estava a ouvir.

- Adivinha quanto eu gosto de ti – disse ela.

- Ora bem, acho que não consigo adivinhar isso – disse a grande lebre castanha.

- Como assim - disse a pequena lebre castanha, esticando os braços o mais que podia.

A grande lebre castanha tinha uns braços ainda maiores.

- Mas eu gosto de Ti assim – disse ela.

"Humm, é muito", pensou a pequena lebre castanha.

- Gosto de ti esta altura toda – disse a pequena lebre castanha.

- E eu gosto de ti esta altura toda – disse a grande lebre castanha.

"É mesmo alto" pensou a pequena lebre castanha. "Quem me dera ter uns braços assim".

Então a pequena lebre castanha teve uma boa ideia. Fez o pino, encostada ao tronco muito esticadinha.

- Gosto de ti até à ponta dos pés! - disse ela.

- E eu gosto de ti até à ponta dos teus pés – disse a grande lebre castanha, fazendo-a girar por cima da cabeça.

- Gosto de ti até onde eu consigo saltar! – riu-se a pequena lebre castanha, dando pulos e mais pulos.

- Mas eu gosto de ti até onde eu consigo saltar – sorriu a grande lebre castanha, e saltou tão alto que as orelhas tocaram no ramo da árvore.

"Isto é que é saltar", pensou a pequena lebre castanha. "Quem me dera saltar assim".

- Gosto de ti o caminho todo até ao rio – gritou a pequena lebre castanha.

- E eu gosto de ti até depois do rio e dos montes – disse a grande lebre castanha.

"É mesmo longe", pensou a pequena lebre castanha.

Tinha tanto sono que já quase nem conseguia pensar. Então olhou para além das moitas, para a grande noite escura. Nada podia ser mais longe do que o céu.

- Gosto de ti até à lua – disse ela, e fechou os olhos.

- Ora, se isso é longe – disse a grande lebre castanha.

– É mesmo, mesmo longe.

A grande lebre castanha deitou a pequena lebre castanha na caminha de folhas. Inclinou-se e deu-lhe um beijo de boas-noites. Depois deitou-se muito pertinho e murmurou sorrindo:

- E eu gosto de ti até à lua …... e de volta até cá abaixo.

- Sam McBratney -

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Não há como medir sentimentos... gosta-se e pronto! Há sim, muitas formas de mostrá-lo.
Este texto foi 'pedido emprestado' ao Dry Martini que, simpaticamente, acedeu ao pedido. Obrigada, Dry. É lindo! Como o Principezinho, com conteúdo...

quinta-feira, maio 22, 2008

Fotografia: Mar de Sonos
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Declaro esta a Semana Oficial dos Descobrimentos. Não falo da descoberta do Brasil ou da viagem à Índia. Mas foi, sem dúvida, uma sucessiva descoberta de factos e ocorrências... uma verdadeira surpresa, quase diária. E são estas surpresas que nos mostram quem temos ao nosso lado. E é sempre tão bom saber com o que podemos contar... em quem podemos confiar. É dessas 'pequenas' coisas que se faz uma relação - sentimento, confiança, respeito, admiração, companheirismo - e todas elas são importantes, de igual forma. Não há como estar em casa...

quinta-feira, maio 15, 2008


Sentou-se na janela enquanto esperava por ele. Tinham marcado ao final da tarde. Ainda era cedo, mas ela gostava desta espera. Tudo pronto para o receber, com a saudade acumulada por tempo demasiado. Ele vinha de longe. Ela acende um cigarro e espera. Ele nunca chegou. Ela apagou o cigarro, mas continua à espera.

sábado, maio 10, 2008

Jeux d'Enfants


'Conto de fadas, tragédia, idealista, deprimente, mas, contudo, revigorante. A primeira longa-metragem de Yann Samuell é um hino à infância, o tesouro mais puro, quando somos capazes de tudo, sobretudo, de sonhar. Riem-se e magoam-se, numa cumplicidade que só eles entendem. Cada vez que jogam dizem que são capazes de fazer tudo o que o outro pedir, sem duvidar. Cada vez que dizem “Cap” estão a dizer que se amam, sem o saber ou o conseguir dizer de outra forma.'

Está no meu top, bem lá em cima. Vi e revi, uma e outra vez. Deliciosamente apaixonante, arrebatador, cruel e, acima de tudo... imperdível.

sexta-feira, maio 09, 2008

Foi sempre tão incerto o caminho até ti

Fotografia: honey @ olhares.com
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Foi sempre tão incerto o caminho até ti: tantos meses de pedras e de espinhos, de maus presságios, de ramos que rasgavam a carne como forquilhas, de vozes que me diziam que não valia a pena continuar, que o teu olhar era já uma mentira; e o meu coração sempre tão surdo para tudo isso, sempre a gritar outra coisa mais alto para que as pernas não pudessem recordar as suas feridas, para que os pés ignorassem as penas da viagem e avançassem todos os dias mais um pouco, esse pouco que era tudo para te alcançar. Foi por isso que, ao contrário de ti, não quis dormir nessa noite: os teus beijos ainda estavam todos na minha boca e o desenho das tuas mãos na minha pele. Eu sabia que adormecer era deixar de sentir, e não queria perder os teus gestos no meu corpo um segundo que fosse. Então sentei-me na cama a ver-te dormir, e sorri como nunca sorrira antes dessa noite, sorri tanto. Mas tu falaste de repente do meio do teu sono, estendeste o braço na minha direcção e chamaste baixinho. Chamaste duas vezes. Ou três. E sempre tão baixinho. Mas nenhuma foi pelo meu nome.
- Maria do Rosário Pedreira -

domingo, maio 04, 2008

A ti...

Porque és a melhor do mundo!
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No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe!
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos!
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais!
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura!
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos...
Mas tu esqueceste muita coisa!
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me? -,
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
'Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...'
Mas - tu sabes! - a noite é enorme
e todo o meu corpo cresceu...
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas...
Boa noite. Eu vou com as aves!

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Eugénio de Andrade, Poema à Mãe